FLORBELA ESPANCA

 

FLORBELA ESPANCA

(Portuguesa) (1894-1930)

<HUMO>

Lejos de ti son yermos los caminos,

Lejos de ti no hay luz de luna o rosas,

Lejos de ti hay noches silenciosas,

Hay días sin calor, techos sin nidos! 

Mis ojos son dos pobres viejecillos

Perdidos en las noches tormentosas...

Abiertos, sueñan manos amorosas,

Tus dulces manos, llenas de cariño. 

Los días son de Otoño: lloran... lloran...

Hay crisantemos rojos que deshojan...

Hay murmullos dolientes de secretos... 

Invoco nuestro amor! Abro los brazos!

Y él está ahí, mi Amor, por los espacios,

Leve humo que escapa entre mis dedos!...

Florbela Espanca

(versión de Pedro Casas Serra)

<FUMO> 

Longe de ti são ermos os caminhos,

Longe de ti não há luar nem rosas,

Longe de ti há noites silenciosas,

Há dias sem calor, beirais sem ninhos! 

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos

Perdidos pelas noites invernosas...

Abertos, sonham mãos cariciosas,

Tuas mãos doces, plenas de carinhos! 

Os dias são Outonos: choram...choram....

Há crisântemos roxos que descoram...

Há murmúrios dolentes de segredos.... 

Invoco o nosso amor sonho! Estendo os braços!

E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,

Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca

Pintura: Jean-Pierre Cassigneul

                           (1935)

                                💜🧡